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    supostamente, ela escreve

    Esse blog foi criado para que eu, Natália Oliveira, tivesse um espaço na internet para publicar meus textos. A bem da verdade, mais procrastino que escrevo, mas isso não me impede de sonhar acordada com o dia em que conseguirei escrever algo realmente bom. Sou saudosista da época dos blogs pessoais, gosto de histórias (e fofocas) e de jogos casuais. Esse blog já teve vários nomes (natalapses; natália non grata; olive trees, garnets and trains) e escrevo nesse espaço de forma inconstante desde agosto de 2016.

    Se quiser entrar em contato, basta deixar um comentário ou mandar um e-mail para mail.natalialvr@gmail.com.

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    Não importa o quão caricato ou estranho seja, se existe um reality show eu provavelmente vou assistir e gostar. Quem me segue lá no twitter já deve ter me visto comentando algum episódio de Cake Boss, Muquiranas ou Cupom Mania; mas, na verdade, eu assisto muitos outros: Mundo Amish (um dos meus preferidos da vida), Chegou Honey Boo Boo - e os spin-offs, Mama June: Vida Nova e Mama June: Family Crises, 4 Mulheres e 1 Marido), Irmãos à Obra, Ame-a ou Deixe-a e muitos outros. 

    Para quem tem acesso à programação da TV fechada, o cardápio de realitys é gigantesco. Costumo assistir os que passam no TLC e no Discovery Home&Health, mas temos vários outros canais - se você for bem abrangente, dá para considerar que a maior parte da programação do Animal Planet é um reality show da vida animal. Mas, para quem vive no Brasil e só tem acesso à TV aberta a lista é bem mais limitada. A maioria dos realitys se concentram em temas bem batidos, como confinamento (BBB e A Fazenda), culinária (Masterchef e Bake Off Brasil) e música (The Voice, Ídolos e Popstars). Ocasionalmente aparece algo diferente e extravagante, como o Fábrica de Casamentos (vale a pena procurar alguns episódios no YouTube), ou um programa para humilhar pessoas (geralmente pobres), como o Esquadrão da Moda, mas nada muito inovador.

    imagem por @frandreotti

    Vou fazer uma pausa aqui para lembrar do rolê maravilhoso que foi o lançamento da Casa dos Artistas no SBT - facilmente um dos melhores reality shows que já desfilaram na TV brasileira. No desespero para concorrer com o BBB, o senhor Sílvio Santos (que já era idoso naquela época) contratou uma empresa para "dar umas ideias" sobre realitys de confinamento. Aparentemente a ideia era importar algum formato (como a Band fez com o Masterchef, por exemplo), mas o Sílvio deu um golpe na galera: dispensou todos os formatos e não contratou a empresa, mas copiou tudo o que eles apresentaram e fez o próprio programa. O maior trunfo da Casa dos Artistas é que o Sílvio inventava as regras na hora: se uma pessoa que ele gostava fosse eliminada, ele anulava a eliminação. Alexandre Frota chegou a "pular o muro" da casa e fugir do reality, voltando três dias depois como se nada tivesse acontecido. Crème de la crème.

    Enfim, o mundo dos realitys é como um poço sem fundo: você entra e não consegue sair mais. Fica aqui o aviso. Mas se você também pertence ao clube das pessoas que amam perder um tempinho na frente da TV - ou simplesmente deixam um conteúdo leve tocando como plano de fundo enquanto fazem outras coisas - vem comigo porque hoje eu trouxe algumas dicas de reality shows que você pode assistir na Netflix.


    Blown Away (Vidrados)

    Vidrados é uma competição onde dez sopradores de vidro precisam criar obras de acordo com o briefing apresentado pelos jurados. Sim, você não leu errado: sopradores de vidro! Confesso que ri com o mais puro deboche quando descobri esse reality - "soprar vidro? Hahahah olha o desespero da Netflix!". Acabei assistindo "pela piada" e não deu outra: paguei língua! A dicotomia entre a brutalidade das oficinas, o esforço físico que os artistas empregam e a delicadeza das obras de arte é hipnotizante. Os resultados são maravilhosos! Não existem palavras que eu possa usar para transmitir a minha admiração pelas peças que os competidores conseguem criar. Já me peguei várias vezes pensando "ok, quanto dinheiro eu preciso juntar para comprar essa peça?" - e desistindo logo em seguida porque, né? São peças de vidro, provavelmente caríssimas. De longe é o meu programa preferido dessa lista e eu imploro para que você assista!

    Zumbo's Just Desserts 

    Zumbo's Just Desserts entra numa categoria de reality shows que eu amo: programas culinários australianos. O Masterchef Austrália é de longe o meu preferido (abraço pro Marco Pierre White e suas vieiras) e a cara do Adriano Zumbo não me era estranha justamente porque ele costuma fazer algumas participações por lá. A diferença entre o Zumbo's Just Desserts e os outros realitys culinários que focam em sobremesas (como o Sugar Rush, por exemplo) é que os pratos são verdadeiras obras de arte. Cada vez que a colher de algum dos jurados bate na sobremesa, quebrando ela em pedaços comestíveis, meu coração se quebra um pouquinho também (Já deu para perceber que eu sou apaixonada pela estética das coisas, né? #libriana).



    Next in Fashion

    Para te convencer a assistir esse reality eu só preciso citar dois nomes: Alexa Chung e Tan France. Sinceramente não entendo muito de moda, mas foi bem interessante aprender um pouquinho e ver as criações dos competidores (que também seguem um briefing preestabelecido). Ver como as pessoas conseguem se expressar através da moda usando roupas de brechó ou fast fashions já é um passatempo bem divertido, mas garanto que acompanhar todas as etapas de produção e entender o conceito por trás de cada peça é bem mais legal - mesmo para leigos, como eu. Infelizmente a série só tem uma temporada e a Netflix decidiu não produzir uma segunda.

    Floor is Lava (Jogo da Lava)

    Sabe aquele programa de TV que você assiste enquanto joga uma fase de Candy Crush ou vasculha o Twitter à procura de memes? Floor is Lava é esse programa! É uma mistura entre escape room, esse clipe do The Strokes e aquela brincadeira em que as crianças ficam passando de um lugar para o outro sem pisar no chão. A cada episódio, três grupos de três participantes tentam cruzar um ambiente pisando na "mobília", escalando paredes e se pendurando em cordas enquanto um líquido vermelho vai cobrindo as superfícies e deixando o jogo mais difícil. O que mais posso dizer? É simplesmente divertido ver gente escorregando ao tentar pular de cara em uma mesa torta. O reality tem a energia das Olimpíadas do Faustão (e do jogo Fall Guys) e spoiler: tem crossfiteiro perdendo para um grupo de patricinhas que se apresentaram como "especialistas em selfie". Simplesmente perfeito.



    Nailed It! (Mandou Bem!)

    No início da quarentena, as pessoas começaram a cozinhar por hobbie. Algumas se dedicaram e aprenderam a fazer um monte de pratos elaborados e deliciosos, enquanto outras queimaram tudo e renderam conteúdo para a página @chefsnaquarentena. Esse segundo grupo representa muito bem o espírito de Nailed It!, uma competição entre pessoas que gostam, mas não sabem muito bem como cozinhar. A cada rodada, os participantes precisam imitar um bolo, cupcake ou outra sobremesa. O ponto alto de cada uma das rodadas é a comparação entre a expectativa e a realidade. O que eu mais gosto nesse programa é que os apresentadores são muito divertidos e, apesar de rirem muito da bagunça que os participantes fazem, eles sempre encontram pontos positivos para elogiar. Uma fofura.

    The Big Flower Fight (Batalha das Flores)

    Na semana passada, soltei uma "prévia" desse post no instagram e a Andréa comentou lá dizendo que gostou muito de Batalha das Flores. Eu já tinha visto o card desse reality na página inicial da Netflix, mas não dei muita bola... Erro feio, erro rude. É impressionante o que os competidores conseguem fazer com as flores! Eles criam estruturas gigantes, com texturas e cores incríveis e fica até difícil acreditar que tudo ali é feito com plantinhas. Além disso, a dinâmica entre os participantes é linda demais! Apesar da rivalidade intrínseca à competição, eles se ajudam, se apoiam, se admiram... Maratonei todos os episódios no fim de semana e quase morri de fofura a cada episódio. Obrigada pela dica, Andréa

    Espero que vocês tenham gostado do post de hoje e que esses programas deixem o dia de vocês um pouco mais leve, divertido e/ou inspirador. Comenta aqui embaixo se você já assistiu algum dos programas que eu indiquei aqui e qual o seu reality show preferido (aceito dicas!).
    . 22 fevereiro 2021 .

    reality shows para assistir na netflix

    . 22 fevereiro 2021 .

    Não importa o quão caricato ou estranho seja, se existe um reality show eu provavelmente vou assistir e gostar. Quem me segue lá no twitter já deve ter me visto comentando algum episódio de Cake Boss, Muquiranas ou Cupom Mania; mas, na verdade, eu assisto muitos outros: Mundo Amish (um dos meus preferidos da vida), Chegou Honey Boo Boo - e os spin-offs, Mama June: Vida Nova e Mama June: Family Crises, 4 Mulheres e 1 Marido), Irmãos à Obra, Ame-a ou Deixe-a e muitos outros. 

    Para quem tem acesso à programação da TV fechada, o cardápio de realitys é gigantesco. Costumo assistir os que passam no TLC e no Discovery Home&Health, mas temos vários outros canais - se você for bem abrangente, dá para considerar que a maior parte da programação do Animal Planet é um reality show da vida animal. Mas, para quem vive no Brasil e só tem acesso à TV aberta a lista é bem mais limitada. A maioria dos realitys se concentram em temas bem batidos, como confinamento (BBB e A Fazenda), culinária (Masterchef e Bake Off Brasil) e música (The Voice, Ídolos e Popstars). Ocasionalmente aparece algo diferente e extravagante, como o Fábrica de Casamentos (vale a pena procurar alguns episódios no YouTube), ou um programa para humilhar pessoas (geralmente pobres), como o Esquadrão da Moda, mas nada muito inovador.

    imagem por @frandreotti

    Vou fazer uma pausa aqui para lembrar do rolê maravilhoso que foi o lançamento da Casa dos Artistas no SBT - facilmente um dos melhores reality shows que já desfilaram na TV brasileira. No desespero para concorrer com o BBB, o senhor Sílvio Santos (que já era idoso naquela época) contratou uma empresa para "dar umas ideias" sobre realitys de confinamento. Aparentemente a ideia era importar algum formato (como a Band fez com o Masterchef, por exemplo), mas o Sílvio deu um golpe na galera: dispensou todos os formatos e não contratou a empresa, mas copiou tudo o que eles apresentaram e fez o próprio programa. O maior trunfo da Casa dos Artistas é que o Sílvio inventava as regras na hora: se uma pessoa que ele gostava fosse eliminada, ele anulava a eliminação. Alexandre Frota chegou a "pular o muro" da casa e fugir do reality, voltando três dias depois como se nada tivesse acontecido. Crème de la crème.

    Enfim, o mundo dos realitys é como um poço sem fundo: você entra e não consegue sair mais. Fica aqui o aviso. Mas se você também pertence ao clube das pessoas que amam perder um tempinho na frente da TV - ou simplesmente deixam um conteúdo leve tocando como plano de fundo enquanto fazem outras coisas - vem comigo porque hoje eu trouxe algumas dicas de reality shows que você pode assistir na Netflix.


    Blown Away (Vidrados)

    Vidrados é uma competição onde dez sopradores de vidro precisam criar obras de acordo com o briefing apresentado pelos jurados. Sim, você não leu errado: sopradores de vidro! Confesso que ri com o mais puro deboche quando descobri esse reality - "soprar vidro? Hahahah olha o desespero da Netflix!". Acabei assistindo "pela piada" e não deu outra: paguei língua! A dicotomia entre a brutalidade das oficinas, o esforço físico que os artistas empregam e a delicadeza das obras de arte é hipnotizante. Os resultados são maravilhosos! Não existem palavras que eu possa usar para transmitir a minha admiração pelas peças que os competidores conseguem criar. Já me peguei várias vezes pensando "ok, quanto dinheiro eu preciso juntar para comprar essa peça?" - e desistindo logo em seguida porque, né? São peças de vidro, provavelmente caríssimas. De longe é o meu programa preferido dessa lista e eu imploro para que você assista!

    Zumbo's Just Desserts 

    Zumbo's Just Desserts entra numa categoria de reality shows que eu amo: programas culinários australianos. O Masterchef Austrália é de longe o meu preferido (abraço pro Marco Pierre White e suas vieiras) e a cara do Adriano Zumbo não me era estranha justamente porque ele costuma fazer algumas participações por lá. A diferença entre o Zumbo's Just Desserts e os outros realitys culinários que focam em sobremesas (como o Sugar Rush, por exemplo) é que os pratos são verdadeiras obras de arte. Cada vez que a colher de algum dos jurados bate na sobremesa, quebrando ela em pedaços comestíveis, meu coração se quebra um pouquinho também (Já deu para perceber que eu sou apaixonada pela estética das coisas, né? #libriana).



    Next in Fashion

    Para te convencer a assistir esse reality eu só preciso citar dois nomes: Alexa Chung e Tan France. Sinceramente não entendo muito de moda, mas foi bem interessante aprender um pouquinho e ver as criações dos competidores (que também seguem um briefing preestabelecido). Ver como as pessoas conseguem se expressar através da moda usando roupas de brechó ou fast fashions já é um passatempo bem divertido, mas garanto que acompanhar todas as etapas de produção e entender o conceito por trás de cada peça é bem mais legal - mesmo para leigos, como eu. Infelizmente a série só tem uma temporada e a Netflix decidiu não produzir uma segunda.

    Floor is Lava (Jogo da Lava)

    Sabe aquele programa de TV que você assiste enquanto joga uma fase de Candy Crush ou vasculha o Twitter à procura de memes? Floor is Lava é esse programa! É uma mistura entre escape room, esse clipe do The Strokes e aquela brincadeira em que as crianças ficam passando de um lugar para o outro sem pisar no chão. A cada episódio, três grupos de três participantes tentam cruzar um ambiente pisando na "mobília", escalando paredes e se pendurando em cordas enquanto um líquido vermelho vai cobrindo as superfícies e deixando o jogo mais difícil. O que mais posso dizer? É simplesmente divertido ver gente escorregando ao tentar pular de cara em uma mesa torta. O reality tem a energia das Olimpíadas do Faustão (e do jogo Fall Guys) e spoiler: tem crossfiteiro perdendo para um grupo de patricinhas que se apresentaram como "especialistas em selfie". Simplesmente perfeito.



    Nailed It! (Mandou Bem!)

    No início da quarentena, as pessoas começaram a cozinhar por hobbie. Algumas se dedicaram e aprenderam a fazer um monte de pratos elaborados e deliciosos, enquanto outras queimaram tudo e renderam conteúdo para a página @chefsnaquarentena. Esse segundo grupo representa muito bem o espírito de Nailed It!, uma competição entre pessoas que gostam, mas não sabem muito bem como cozinhar. A cada rodada, os participantes precisam imitar um bolo, cupcake ou outra sobremesa. O ponto alto de cada uma das rodadas é a comparação entre a expectativa e a realidade. O que eu mais gosto nesse programa é que os apresentadores são muito divertidos e, apesar de rirem muito da bagunça que os participantes fazem, eles sempre encontram pontos positivos para elogiar. Uma fofura.

    The Big Flower Fight (Batalha das Flores)

    Na semana passada, soltei uma "prévia" desse post no instagram e a Andréa comentou lá dizendo que gostou muito de Batalha das Flores. Eu já tinha visto o card desse reality na página inicial da Netflix, mas não dei muita bola... Erro feio, erro rude. É impressionante o que os competidores conseguem fazer com as flores! Eles criam estruturas gigantes, com texturas e cores incríveis e fica até difícil acreditar que tudo ali é feito com plantinhas. Além disso, a dinâmica entre os participantes é linda demais! Apesar da rivalidade intrínseca à competição, eles se ajudam, se apoiam, se admiram... Maratonei todos os episódios no fim de semana e quase morri de fofura a cada episódio. Obrigada pela dica, Andréa

    Espero que vocês tenham gostado do post de hoje e que esses programas deixem o dia de vocês um pouco mais leve, divertido e/ou inspirador. Comenta aqui embaixo se você já assistiu algum dos programas que eu indiquei aqui e qual o seu reality show preferido (aceito dicas!).
    . 10 fevereiro 2021 .

    Mulheres matam: eis um fato que a sociedade parece ter dificuldade em aceitar. Quando se trata de serial killers, isso fica ainda mais evidente. A disparidade entre o tratamento dos assassinos em série pela mídia é notável: enquanto homens recebem grande notoriedade e têm seus nomes perpetuados pelas manchetes (como exemplo, podemos citar Ted Bundy, personagem principal de uma série de produções - incluindo um filme  onde Zac Efron interpreta o assassino); as mulheres recebem apelidos vagos ("a assassina de fulano") e caem no esquecimento após certo período de tempo. 

    Aqui, estamos falando especificamente de assassinas em série. Alguns assassinatos cometidos por mulheres tem notoriedade na mídia à longo prazo, mesmo que essa cobertura seja permeada de estereótipos. Mas, por hora, não vamos entrar nesse assunto. 

    Lady Killers foi publicado com a proposta de mudar esse cenário ao jogar luz sobre catorze casos relacionados a ação de assassinas em série: mulheres que mataram repetidas vezes, com modus operandi e assinatura definidos. Ao abordar assassinatos ocorridos em diversas décadas (Alice Kyteler, uma das mulheres listadas no livro, nasceu em 1263), Tori Telfer mostra que assassinas em série existiam e continuam a existir independente da forma como a sociedade reage a seus crimes. Mas seria isso suficiente para livrar essas mulheres dos estigmas e evidenciar a necessidade de se dar atenção a esses casos?

    Livro: Lady Killers: Assassinas em Série
    Escritora: Tori Telfer
    Publicação: Esse livro foi publicado pela Darkside Books

    Sinopse: Quando pensamos em assassinos em série, pensamos em homens. Mais precisamente, em homens matando mulheres inocentes, vítimas de um apetite atroz por sangue e uma vontade irrefreável de carnificina. As mulheres podem ser tão letais quanto os homens e deixar um rastro de corpos por onde passam — então o que acontece quando as pessoas são confrontadas com uma assassina em série? [...] Lady Killers: Assassinas em Série é um dossiê de histórias sobre assassinas em série e seus crimes ao longo dos últimos séculos [...]. Por que continuamos lembrando apenas de H.H. Holmes quando Kate Bender recebia viajantes em sua hospedaria (e assassinava todos que ousavam flertar com ela)? A linha que divide o bem e o mal atravessa o coração de todo ser humano.

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    Tori começa o livro com um discurso muito bem elaborado acerca da representação simbólica das mulheres assassinas - elas eram retratadas como bruxas cruéis, sedutoras irresistíveis ou como a pura encarnação do mal - e aponta a necessidade de tratarmos esses eventos para além dessas fantasias. Mulheres matam e podem matar mais de uma vez. De fato, elas podem ser tão ou até mais cruéis do que os homens. Quantas assassinas não escaparam da justiça por não se encaixarem no padrão de criminoso que a polícia procura? Quantas vidas poderiam ter sido salvas se nos livrássemos desse estigma? Essa foi minha parte preferida do livro porque, de fato, faz sentido. Os tabus da sociedade frequentemente limitam a liberdade das mulheres e nos colocam à mercê da violência de gênero, mas quantas mulheres não conseguiram se esconder atrás dessa "cortina de fumaça" para praticar seus crimes sem serem capturadas? 

    Cabe ressaltar: não estou dizendo que todas as mulheres utilizam esses tabus a seu favor para cometer crimes ou se safar de situações desfavoráveis. Na prática, a maioria das mulheres sofre violência doméstica, agressão sexual e mais um monte de violências em função dos estigmas associados ao gênero. Entretanto, não podemos negar que, em menor escala e em alguma medida, é muito provável que mulheres tenham conseguido se safar de crimes apenas por serem julgadas fracas demais para cometê-los.

    Deu para entender, né? Não estou dizendo que subjugar mulheres é uma coisa boa. Por favor, não coloque palavras na minha boca - ou no meu teclado. Não faça isso. EU IMPLORO. Se você entendeu que eu disse que a opressão feminina é um benefício, volta os parágrafos e lê outra vez! Não tire a minha fala de contexto!

    Entretanto, a crítica de Tori para por aí. Ela parece ter se esquecido de seu próprio discurso ao adicionar detalhes estigmatizantes e boatos em todos os casos. O capítulo que melhor retrata esse aspecto diz respeito aos crimes cometidos por Kate Bender e sua família. Em função do tempo que se passou entre os assassinatos e a descoberta deles e da ausência de uma confissão (já que nenhum membro da família chegou a ser preso), não há como saber exatamente como os crimes foram executados.  Mesmo assim, Tori baseia todo o texto nas fofocas da época, afirmando que Kate seduzia as vítimas, as matava com golpes na cabeça ou cortes no pescoço e as multilava durante "ataques de fúria". Ao ignorar a ação dos outros membros da família, bem como demonizar e sexualizar a assassina (colocando-a no papel de "sedutora irresistível"), a autora perpétua os maus hábitos outrora criticados por ela mesma.
     
    Entendo perfeitamente que os arquivos que documentam essas histórias provavelmente estão contaminados com a visão fantasiosa da época em que foram produzidos, mas Tori não deixa isso claro na narrativa. Pelo contrário, ela reproduz esse discurso como se fosse uma "verdade quase absoluta". Claro, ela coloca um ou outro questionamento - "será que isso não está exagerado demais?" - mas a linguagem informal e o contraste entre a quantidade de críticas (pontuais) e a quantidade de alegações fantasiosas sobre os crimes cometidos (o resto) suprimem essas críticas.

    Concluo que Lady Killers é um best-seller por falta de opção. Como existem poucos livros acessíveis a respeito de crimes cometidos por mulheres - principalmente se levarmos em consideração a abundância de material a respeito dos serial killers homens - esse material acaba por se tornar "o caminho mais fácil".

    Por mais que eu não tenha gostado da forma como as mulheres e seus crimes são apresentados na narrativa, achei a leitura válida. Procurar conteúdos sobre assassinas em série é uma tarefa difícil - não porque os dados não estejam disponíveis, mas porque raramente temos um norte. Sem um nome, um caso específico pelo qual buscar, acabamos sempre nos deparando com os mesmos 2 ou 3 resultados. E é por isso que acredito que a maior contribuição dessa edição publicada pela Darkside se concentra na Galeria Letal (+14 damas). Esse apêndice exclusivo foi elaborado pelo blog O Aprendiz Verde e contém assassinas em série contemporâneas (cujo modus operandi vai além do envenenamento por arsênico) e casos que ocorreram na América do Sul, ausentes na documentação elaborada por Tori.

    Caso vocês queiram buscar mais informações sobre as 14 mulheres apresentadas por Tori, deixo aqui uma lista com os nomes, anos de nascimento e de morte e os locais de atuação de cada uma delas. Aproveito para recomendar o vídeo "Elizabeth Báthory, a condessa sangrenta", do Nerdologia Criminosos, que responsavelmente possui uma lista de referências que você pode consultar aqui e os episódios do podcast Boo e Outras Coisas que, apesar de serem baseados no livro, não apresentam tantos julgamentos de valor na narrativa.

    • Elizabeth Báthory (1560-1614, Hungria)
    • Nannie Doss (1905-1965, Estados Unidos)
    • Lizzie Halliday (1959-1918, Estados Unidos)
    • Elizabeth Ridgeway (indefinido-1684, Inglaterra)
    • Raya e Sakina (indefinido-1921, Egito)
    • Mary Ann Cotton (1832-1873, Inglaterra)
    • Darya Nikolayevna Saltykova (1730-1801, Rússia)
    • Anna Marie Hahn (1906-1938, Estados Unidos)
    • Oum-el-Hassen (1890-indefinido, Argélia)
    • Tillie Klimek (1876-1936, Estados Unidos)
    • Alice Kyteler (1263-1325, Irlanda)
    • Kate Bender (indefinido - os crimes ocorreram após 1870, Estados Unidos)
    • Criadoras de Anjos de Nagyrév (1914-1926, Hungria)
    • Marie-Madeleine (1630-1676, França)

    Se você já leu Lady Killers, comenta aqui embaixo o que você achou do livro. Estou ansiosa para discutir sobre isso porque a maioria das resenhas que li tinham avaliações muito positivas. E se você gosta de true crime, junte-se ao clube (!) porque pretendo postar mais resenhas de livros dentro desse tema.