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    supostamente, ela escreve

    Esse blog foi criado para que eu, Natália Oliveira, tivesse um espaço na internet para publicar meus textos. A bem da verdade, mais procrastino que escrevo, mas isso não me impede de sonhar acordada com o dia em que conseguirei escrever algo realmente bom. Sou saudosista da época dos blogs pessoais, gosto de histórias (e fofocas) e de jogos casuais. Esse blog já teve vários nomes (natalapses; natália non grata; olive trees, garnets and trains) e escrevo nesse espaço de forma inconstante desde agosto de 2016.

    Se quiser entrar em contato, basta deixar um comentário ou mandar um e-mail para mail.natalialvr@gmail.com.

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    No final do ano passado (e início desse ano), me rendi aos inúmeros comentários sobre livros de autoajuda (ou mais ou menos isso) mais descontraídos e resolvi começar a leitura de dois livros: A Arte de Pedir, da maravilhosa Amanda Palmer; e A Sutil Arte de Ligar o F*oda-se, do Mark Manson, ambos publicados pela editora Intrínseca.

    Porém, para o meu espanto, nenhuma das leituras vingou e eu acabei deixando esses livros de lado. 

    Vale fazer resenha de livros abandonados? Eu digo que vale.


     A Arte de Pedir, Amanda Palmer

    Desdobramento inevitável da palestra homônima, o livro A arte de pedir trata essencialmente de recorrer ao outro, sem temor, sem vergonha e sem reservas. Por que não pedimos ajuda, dinheiro, amor, com a mesma naturalidade com que pedimos uma cadeira vazia num restaurante ou uma caneta, na rua, para fazer uma anotação? Pedir é digno e necessário, e é a conexão entre quem dá e quem recebe que enriquece a vida humana, defende Amanda. Longe de ser um manual sobre como pedir, o livro é uma provocação bem-vinda e urgente, que incita o leitor a superar seus medos e admitir o valor de precisar e doar ajuda, sempre.

    Amanda Palmer tem uma das vidas mais interessantes que alguém pode ter. Ela trabalhava como estátua humana em um cruzamento principal da Harvard Square, deixava qualquer ser humano entrar na sua casa para "compartilhar momentos e experiências", gravou o primeiro CD totalmente financiado com um projeto de  crowdfunding e se casou com um dos maiores escritores de ficção da atualidade. Ela também é especialista em destrinchar as coisas simples que se tornam uma grande questão na nossa vida. É como se ela pegasse todos os motivos de crise e overthinking dos millennials e os jogasse em cima da mesa: expostos, esmiuçados, explicados, quase resolvidos.

    Mesmo assim, em determinado ponto, o livro começa a ficar repetitivo demais e eu me vi ansiosa por qualquer parte que falasse um pouco mais sobre o Niel Gaiman (marido da Amanda), só para fugir dos discursos "acredite em mim" e "eu vejo você".

    Acredito que o principal aspecto que me fez abandonar o livro foi o excesso de referência às crises e dilemas dos millennials. Todo esse discurso jorra em toneladas na internet e eu simplesmente não aguento mais. É uma tremenda hipocrisia da minha parte criticar essa geração porque, bom, eu faço parte dela. Mas estou em um momento em que eu queria muito poder deixar todos esses aspectos de lado e só viver. Fazer coisas. Produzir. Manter as coisas simples. Sem grandes reflexões, nem grandes críticas. Apenas viver.

    Ah, e também teve um fato importante: Amanda Palmer ama pessoas. E eu não compartilho intensamente desse amor.

    - Palestra da Amanda Palmer para o TED Talks (que eu super recomendo)
    - Compre o livro (caso minha opinião tenha te deixado mais curiosa do que desmotivada)

    A Sutil Arte de Ligar o F*oda-se, Mark Manson

    Mark Manson usa toda a sua sagacidade de escritor e seu olhar crítico para propor um novo caminho rumo a uma vida melhor, mais coerente com a realidade e consciente dos nossos limites. E ele faz isso da melhor maneira. Como um verdadeiro amigo, mark se senta ao seu lado e diz, olhando nos seus olhos: você não é tão especial. Ele conta umas piadas aqui, dá uns exemplos inusitados ali, joga umas verdades na sua cara e pronto, você já se sente muito mais alerta e capaz de enfrentar esse mundo cão. Para os céticos e os descrentes, mas também para os amantes do gênero, enfim uma abordagem franca e inteligente que vai ajudar você a descobrir o que é realmente importante na sua vida, e f*da-se o resto. Livre-se agora da felicidade maquiada e superficial e abrace esta arte verdadeiramente transformadora.

    Nesse caso, sei exatamente o que fez com que todo mundo gostasse do livro menos eu: Mark Manson é o cara que diz o que todo mundo quer ouvir. Todo o discurso é muito bonito, mas muitas vezes é contraditório. Sabe quando você está de dieta e quer comer um doce? Mark é o cara que diz "Foda-se essa dieta, seja feliz, coma esse doce! Qual é o impacto maior na sua vida? Nenhum! Permita-se ser feliz" logo nas primeiras páginas. Porém, lá pelo meio do livro, ele também diz que "Você deve saber quais são suas prioridades. A dieta é sua prioridade? Então faça a dieta! Lute, resista! Assim você vai alcançar todos os seus sonhos".

    O autor não mente quando diz isso. Tudo é relativo, suas decisões dependem do momento e do contexto nas quais elas estão sendo tomadas. No entanto, ele coloca isso de uma maneira maquiada e feita para soar genial; coisa que tem me dado ranço, não só em livros de autoajuda mas em todos os textões politizados da internet. Todos são donos de uma verdade incrível que vai mudar o mundo,  mas nenhuma dessas verdades é novidade, muito menos fácil de praticar. A Arte de Ligar o F*da-se é mais um daqueles livros bonitinhos, cheios de frases ótimas para anotar na agenda, mas rasos em conteúdo.

    - Compre o livro (caso você queira tirar umas fotos bacanas pro Instagram) 


    Desde que li Girl Boss (da Sophia Amoruso) fiquei com a impressão de que todos esses livros de autoajuda e cases de sucesso compartilham a mesma estrutura: um início rico, cheio de frases de efeito e ensinamentos marcantes; um meio morno, extremamente repetitivo e recheado com clichês e um final previsível, pouco impactante, onde a emoção mais forte que se sente é o alívio (porque finalmente o livro acabou). Infelizmente, nenhum desses dois livros foi capaz de me provar o contrário.

    Será que fiquei com birra do gênero? Não sei dizer.

    Talvez eu só esteja com birra de tudo.

    Você leu esses livros? O que achou deles? Vamos conversar nos comentários (e no twitter, me segue lá).
    . 04 março 2018 .

    as artes que abandonei

    . 04 março 2018 .

    No final do ano passado (e início desse ano), me rendi aos inúmeros comentários sobre livros de autoajuda (ou mais ou menos isso) mais descontraídos e resolvi começar a leitura de dois livros: A Arte de Pedir, da maravilhosa Amanda Palmer; e A Sutil Arte de Ligar o F*oda-se, do Mark Manson, ambos publicados pela editora Intrínseca.

    Porém, para o meu espanto, nenhuma das leituras vingou e eu acabei deixando esses livros de lado. 

    Vale fazer resenha de livros abandonados? Eu digo que vale.


     A Arte de Pedir, Amanda Palmer

    Desdobramento inevitável da palestra homônima, o livro A arte de pedir trata essencialmente de recorrer ao outro, sem temor, sem vergonha e sem reservas. Por que não pedimos ajuda, dinheiro, amor, com a mesma naturalidade com que pedimos uma cadeira vazia num restaurante ou uma caneta, na rua, para fazer uma anotação? Pedir é digno e necessário, e é a conexão entre quem dá e quem recebe que enriquece a vida humana, defende Amanda. Longe de ser um manual sobre como pedir, o livro é uma provocação bem-vinda e urgente, que incita o leitor a superar seus medos e admitir o valor de precisar e doar ajuda, sempre.

    Amanda Palmer tem uma das vidas mais interessantes que alguém pode ter. Ela trabalhava como estátua humana em um cruzamento principal da Harvard Square, deixava qualquer ser humano entrar na sua casa para "compartilhar momentos e experiências", gravou o primeiro CD totalmente financiado com um projeto de  crowdfunding e se casou com um dos maiores escritores de ficção da atualidade. Ela também é especialista em destrinchar as coisas simples que se tornam uma grande questão na nossa vida. É como se ela pegasse todos os motivos de crise e overthinking dos millennials e os jogasse em cima da mesa: expostos, esmiuçados, explicados, quase resolvidos.

    Mesmo assim, em determinado ponto, o livro começa a ficar repetitivo demais e eu me vi ansiosa por qualquer parte que falasse um pouco mais sobre o Niel Gaiman (marido da Amanda), só para fugir dos discursos "acredite em mim" e "eu vejo você".

    Acredito que o principal aspecto que me fez abandonar o livro foi o excesso de referência às crises e dilemas dos millennials. Todo esse discurso jorra em toneladas na internet e eu simplesmente não aguento mais. É uma tremenda hipocrisia da minha parte criticar essa geração porque, bom, eu faço parte dela. Mas estou em um momento em que eu queria muito poder deixar todos esses aspectos de lado e só viver. Fazer coisas. Produzir. Manter as coisas simples. Sem grandes reflexões, nem grandes críticas. Apenas viver.

    Ah, e também teve um fato importante: Amanda Palmer ama pessoas. E eu não compartilho intensamente desse amor.

    - Palestra da Amanda Palmer para o TED Talks (que eu super recomendo)
    - Compre o livro (caso minha opinião tenha te deixado mais curiosa do que desmotivada)

    A Sutil Arte de Ligar o F*oda-se, Mark Manson

    Mark Manson usa toda a sua sagacidade de escritor e seu olhar crítico para propor um novo caminho rumo a uma vida melhor, mais coerente com a realidade e consciente dos nossos limites. E ele faz isso da melhor maneira. Como um verdadeiro amigo, mark se senta ao seu lado e diz, olhando nos seus olhos: você não é tão especial. Ele conta umas piadas aqui, dá uns exemplos inusitados ali, joga umas verdades na sua cara e pronto, você já se sente muito mais alerta e capaz de enfrentar esse mundo cão. Para os céticos e os descrentes, mas também para os amantes do gênero, enfim uma abordagem franca e inteligente que vai ajudar você a descobrir o que é realmente importante na sua vida, e f*da-se o resto. Livre-se agora da felicidade maquiada e superficial e abrace esta arte verdadeiramente transformadora.

    Nesse caso, sei exatamente o que fez com que todo mundo gostasse do livro menos eu: Mark Manson é o cara que diz o que todo mundo quer ouvir. Todo o discurso é muito bonito, mas muitas vezes é contraditório. Sabe quando você está de dieta e quer comer um doce? Mark é o cara que diz "Foda-se essa dieta, seja feliz, coma esse doce! Qual é o impacto maior na sua vida? Nenhum! Permita-se ser feliz" logo nas primeiras páginas. Porém, lá pelo meio do livro, ele também diz que "Você deve saber quais são suas prioridades. A dieta é sua prioridade? Então faça a dieta! Lute, resista! Assim você vai alcançar todos os seus sonhos".

    O autor não mente quando diz isso. Tudo é relativo, suas decisões dependem do momento e do contexto nas quais elas estão sendo tomadas. No entanto, ele coloca isso de uma maneira maquiada e feita para soar genial; coisa que tem me dado ranço, não só em livros de autoajuda mas em todos os textões politizados da internet. Todos são donos de uma verdade incrível que vai mudar o mundo,  mas nenhuma dessas verdades é novidade, muito menos fácil de praticar. A Arte de Ligar o F*da-se é mais um daqueles livros bonitinhos, cheios de frases ótimas para anotar na agenda, mas rasos em conteúdo.

    - Compre o livro (caso você queira tirar umas fotos bacanas pro Instagram) 


    Desde que li Girl Boss (da Sophia Amoruso) fiquei com a impressão de que todos esses livros de autoajuda e cases de sucesso compartilham a mesma estrutura: um início rico, cheio de frases de efeito e ensinamentos marcantes; um meio morno, extremamente repetitivo e recheado com clichês e um final previsível, pouco impactante, onde a emoção mais forte que se sente é o alívio (porque finalmente o livro acabou). Infelizmente, nenhum desses dois livros foi capaz de me provar o contrário.

    Será que fiquei com birra do gênero? Não sei dizer.

    Talvez eu só esteja com birra de tudo.

    Você leu esses livros? O que achou deles? Vamos conversar nos comentários (e no twitter, me segue lá).